Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada para lembrar, tudo para esquecer e sem ninguém para amar.
Com a voz rouca, o corpo machucado e a alma morta.
Eu acordei sem sentir meus pés direito, sem moral, sem dignidade, sem valores. Hoje eu acordei em uma casa vazia, sem minha mãe, sem meu pai, sem meu irmão. Eu abri meus olhos e desejei estar fisicamente morta também. Eu levantei com dificuldade, eu não falei nada, eu me olhei no espelho desfigurada, distorcida, mal amada, sozinha.
Hoje eu cai na real, passaram-se os efeitos dos medicamentos, os pontos doem, a pele dói, o coração parou, o ego morreu.
Hoje eu faço parte de uma triste categoria de mulheres que tiveram sua beleza roubada, seu brilho apagado, seu corpo machucado.
Mas eu sinto tanto, sinto tanta vontade de ver o amanhã, eu levantei, eu me lavei, eu me vesti, eu me refiz, parei de chorar baixinho e o silencio fúnebre foi desaparecendo da minha cabeça, eu tomei um copo de água, juntei as coisas do meu trabalho, liguei meus celulares, senti fome e decidi reconstruir tudo que me foi roubado, sozinha, em paz.
Bertha S.
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