terça-feira, 3 de maio de 2011

Vão-se os anéis, ficam-se os dedos


O corpo se manteve, inteiriço (agora é dependência física apenas). Minha droga não me causa frenesi na hora do consumo, não me entorpece, não me dá sintomas de abstinência quando sai.

Agora mais uma vez, cadê a entrega, a minha entrega?

E aquela estória de trazer amor em três dias? (Quero meu dinheiro de volta). Preciso de uma simpatia contra dispersão.

O sentimento foi, restou a matéria.


Bertha S.

domingo, 24 de abril de 2011

Beleza roubada

Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada para lembrar, tudo para esquecer e sem ninguém para amar.
Com a voz rouca, o corpo machucado e a alma morta.
Eu acordei sem sentir meus pés direito, sem moral, sem dignidade, sem valores. Hoje eu acordei em uma casa vazia, sem minha mãe, sem meu pai, sem meu irmão. Eu abri meus olhos e desejei estar fisicamente morta também. Eu levantei com dificuldade, eu não falei nada, eu me olhei no espelho desfigurada, distorcida, mal amada, sozinha.
Hoje eu cai na real, passaram-se os efeitos dos medicamentos, os pontos doem, a pele dói, o coração parou, o ego morreu.
Hoje eu faço parte de uma triste categoria de mulheres que tiveram sua beleza roubada, seu brilho apagado, seu corpo machucado.
Mas eu sinto tanto, sinto tanta vontade de ver o amanhã, eu levantei, eu me lavei, eu me vesti, eu me refiz, parei de chorar baixinho e o silencio fúnebre foi desaparecendo da minha cabeça, eu tomei um copo de água, juntei as coisas do meu trabalho, liguei meus celulares, senti fome e decidi reconstruir tudo que me foi roubado, sozinha, em paz.


Bertha S.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Paciência

Eis que o chão se parte sob meus pés...
Tragada, completamente para dentro da terra, viva, mantida vida e consciente durante toda a minha jornada até o fim do buraco, mas o pior estava por vir, cheguei... Cá estou, como saio?

Toda minha redenção está condicionada ao exercício da minha paciência.

Bertha S.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sinérgico

"Quando você está com alguém e se entrega exclusivamente à estar com aquela pessoa, a troca de energia é tão intensa que vocês se tornam cada vez mais próximos à ponto de se tornarem um só."

Talvez dai vem aquela expressão de que pessoas que se amam são um só corpo. Na verdade estão conectadas pela energia física que trocam a todo tempo, pela cumplicidade, pela intimidade. Porém, apenas não é estar do lado, é estar próximo, é estar em parceria, em harmonia ou não, é não estar indiferente. Dormir e acordar do lado da mesma pessoa todos os dias não é exemplo de uma troca ou entrega.
Estar entregue é ter suas mãos entrelaçadas com as mãos dele durante o sono, os afagos, os beijos, muitos beijos, os pés que se roçam, é a vontade de estar perto, de se fazer tudo junto, é ter prazer em dividir.
Durante muito tempo eu estive presa a mim mesma, eu não me comprometi com ninguém, eu não me entreguei, e sempre me mantive firme e resistente à qualquer paixão. E ninguém, até pouco tempo atrás, conseguiu mudar isso, uma prova de que para você ser amado você é obrigado a passar confiança para o outro! Pelo menos é assim que funciona comigo.
Hoje, eu sinto muito orgulho da forma com que me dedico à gostar da pessoa que está comigo, me orgulho da minha entrega, pois sinto plenitude nisso, não é um querer inquieto, não é um amor amador e lancinante, é pulsante.... De estar vivo e não ofegante à ponto de morrer. O que eu sei, é que não é doentio, é viril. E me arrisco a comentar sobre a sinergia que existe nisso tudo.
Me dá paz, me traz paz, a tão almejada paz.

Bertha S.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pra mim, nada banal!

Porque as vezes nos sentimos tentados à dirigir em alta velocidade? Você nem está atrasado, ou coisa assim, mas sente a maior vontade de sair "costurando" os carros a 130km/h.
Meus amores parecem que só valem à pena se forem muito sofridos, se forem constrangedores, se forem emocionáveis! Bem ou mal, mas não normal!
Parece até que estou vivendo um conto de fadas (bem macabro, como eu gosto), aquele que a princesa é humilhada, sofre danos físicos, perde entes queridos, é a vitima da conspiração alheia e sempre está quase para morrer.
As pessoas normais, não sei, mas talvez gostem dessa carnificina emocional toda. Parece que vem pra dar um saborzinho, um gostinho amargo. Seres humanos adoram dramatizar as coisas pelo visto, me enquadro nesse tipo.
Sossego... o que é isso? Paz... vende onde?
Minha forte inclinação à catástrofes amorosas me define, tem que sair devastado, chegar as ultimas consequências, tem que ser passional, o dia que eu não sou assim, é porque não me toca.
Vieram me dizer que eu não presto... Tentaram me convencer que a culpa é sempre minha, é eu até concordo... Mas é que eu não sou de dispensar oportunidades, é que eu fui muito acostumada a ganhar, sempre.
Romances começam e terminam com a mesma intensidade, da mesma forma que começa, acaba, como estranhos que fomos, assim retornamos.

Bertha S.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Minha partida rumo ao outro lado do mundo


Descobrir que o mundo é realmente muito grande e que você devia tentar conhecer o máximo que puder, porque ele muda a cada instante e existem pessoas maravilhosas nele.

Que sua família continuará sendo sua família não importa onde você esteja, e que a preocupação de pai nao diminui com a distância, independente de qual for.

Que amigos nunca são demais, e que pouco importa de onde ele veio, qual sua cultura ou etnia, sempre serão bem vindos, e que você tem que estar aberto para absorver tudo que eles possam te acrescentar.

Que saudades dói até você aprender a viver com ela, te amadurece.

Que nem sempre ter planos é bom... Evita frustrações e é bom viver um pouco sem ter que pensar no amanhã, porque ele inevitavelmente virá, então espere e confira.

Que você pode viajar sozinho, mas ficar sozinho na viagem é uma opção...

Aprender que tudo na vida muda, inclusive você!!


Bertha S.

domingo, 28 de novembro de 2010

De Caio F. A. - Para uma avenca partindo

(...)Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço....